VATICANO – A última aparição pública do papa Francisco antes de seu falecimento, anunciado oficialmente nesta segunda-feira (21), foi marcada por um gesto de profunda espiritualidade, preocupação humanitária e apelo global pela paz. Em uma breve e simbólica presença no Vaticano no Domingo de Páscoa, dia 20 de abril, o pontífice argentino concedeu a tradicional bênção "Urbi et Orbi" – “à cidade e ao mundo” – do alto da sacada da Basílica de São Pedro, encerrando sua trajetória pública com um dos discursos mais comoventes de seu pontificado.

Embora debilitado fisicamente, o papa insistiu em participar da cerimônia e apareceu sorridente no papamóvel, sendo ovacionado por uma multidão de fiéis que lotava a Praça de São Pedro. Muitos empunhavam bandeiras de diferentes nações e gritavam: “Viva o Papa!”, numa demonstração de carinho e reverência pelo líder religioso que marcou uma era.

📜 Uma mensagem de paz lida por um assessor

Impossibilitado de falar por tempo prolongado, Francisco optou por que a tradicional mensagem pascal fosse lida por um de seus assessores. Mesmo assim, fez questão de saudar os fiéis pessoalmente e acenou diversas vezes durante a leitura. Na mensagem, o papa demonstrou preocupação especial com a crise humanitária no Oriente Médio.

“Classifico a situação em Gaza como dramática e deplorável”, dizia o texto lido, reforçando o clamor da Santa Sé por um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.

O papa também pediu que o grupo militante Hamas liberte todos os reféns que ainda se encontram em cativeiro, ressaltando o sofrimento contínuo das famílias afetadas.

Além disso, ele condenou com veemência o crescimento preocupante do antissemitismo no mundo, defendendo a necessidade urgente de diálogo, respeito e reconciliação entre os povos.

“Expresso minha proximidade aos sofrimentos… de todo o povo israelense e do povo palestino”, afirmava o texto papal, num gesto de equidade e empatia que marcou sua liderança.

🌍 Um adeus com o símbolo da ressurreição

A escolha do Domingo de Páscoa para essa que seria sua última aparição pública tem forte carga simbólica. Para os cristãos, a Páscoa celebra a ressurreição de Cristo – vitória sobre a morte, esperança e vida nova. Francisco, conhecido por seu desejo de uma Igreja próxima dos pobres e dos marginalizados, escolheu esse momento para reiterar seu compromisso com a paz e a justiça no mundo.

O gesto final do pontífice, ao expor sua fragilidade humana e, ao mesmo tempo, reforçar a centralidade da fé, da misericórdia e da solidariedade, resume o espírito que marcou seu papado desde março de 2013.

✝️ Legado e despedida

A morte do papa Francisco deixa um legado que vai além das paredes do Vaticano. Suas reformas pastorais, seu posicionamento firme em questões sociais, ambientais e humanitárias, e sua postura humilde redefiniram a figura do líder da Igreja Católica para o século XXI. Foi o primeiro papa jesuíta, o primeiro vindo das Américas e um dos mais populares dos tempos modernos.

Agora, a Igreja entra em luto e inicia os ritos solenes de despedida, conforme o novo modelo de funeral simplificado que o próprio papa instituiu em vida. Uma última lição de desapego e serviço.

Francisco encerra sua missão como viveu: com coragem, fé e profunda compaixão pelo sofrimento humano. 

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